Cátia Araújo

11:08

!Viva aos anos 90!

Hoje, em tema anos 90 , vou falar sobre um dos meus filmes preferidos.

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Vida de Solteiro ( Single ) , é um filme escrito e dirigido por Cameron Crowe , lançado em 1992.

O filme foca na vida amorosa de um grupo de amigos na faixa dos 20 anos de idade que vivem em um bloco de apartamentos e é dividido em capítulos.

A época é o início dos anos 90 e o contexto é o da explosão da cena grunge em Seattle. O hype que trouxe visibilidade para bandas como Nirvana, Alice in Chains, Pearl Jan e Soundgarden. O grunge, como movimento, foi mais uma cena local do que qualquer outra coisa criada pela indústria cultural.

O roteiro do filme tem como foco principal os relacionamentos de dois jovens casais, ambos na faixa de vinte e poucos anos, a história deles é contada tendo como pano de fundo o circuíto de clubes noturnos da cidade, que abriam espaço para as bandas de garagem se apresentarem. A cena Grunge talvez tenha sido uma das primeiras e mais contundentes antíteses da geração X. A juventude mostrada no filme é aquela que vive de sub-empregos, que está incerta quanto ao próprio futuro e aos rumos da sociedade e que compensa a falta de ideologias com o barulho do rock alternativo. Diferente de outros movimentos que o antecederam e o influenciaram, o hype grunge não recorreu à politização ou ao engajamento,mostrando-se mais como uma expressão simples e brutal de jovens que estavam desiludidos e entediados.

Linda Powell (Kyra Sedgwick) é uma rapariga que acabou de sair de um namoro curto e traumatizante, ela é idealista e sofisticada, a sua promessa de não se envolver de novo com alguém tão cedo é quebrada quando ela conhece Steve Dunne (Campbell Scott), um rapaz que trabalha em uma empresa de controlo de tráfego, ele não é do tipo que curte os “jogos” amorosos e entre os personagens ele é o único que pensa abandonar a vida de solteiro. Janet Livermore (Bridget Fonda) é a namorada de Cliff Poncier (Matt Dillon), o vocalista da banda Citizen Dick, ela passa o tempo todo a tentar atrair a atenção dele para si, mas ele só pensa na banda e vê o namoro como um relacionamento aberto.

Analisando os dois casais percebemos que o primeiro é quase uma oposição do segundo, Linda e Steve estão completamente deslocados na geração da qual fazem parte, enquanto Janet e Cliff são a personificação dos jovens daquela época À medida que a trama vai se desenrolar vamos perceber que eles são mais parecidos do que imaginávamos e que por trás das aparências e dos modos embrutecidos, no caso de Cliff, eles nutrem o mesmo desejo de abandonarem a inconsequência e o desapego da vida que levam no conjunto de apartamento de solteiros onde moram, eles apenas não sabem lidar bem com isso, ainda.

O melhor do filme, além da trilha sonora, são as referências à cultura underground de Seattle dos início dos anos 90. O figurino do personagem de Matt Dillon, por exemplo, foi composto basicamente por peças do guarda-roupas de Jeff Ament, baixista dos Pearl Jam. O nome da banda fictícia do filme, Citizen Dick é uma referência à banda Citizen Sane, cujo o nome é uma paródia de Citizen Kane (Cidadão Kane). No filme podemos ver breves apresentações do Soundgardem e do Alice in Chains, ambas no início da carreira, em um dos clubes da cidade. O filme também tem uma curta cena gravada no túmulo de Jimi Hendrix.

A história cativou-me aos poucos, até que eu chegasse à conclusão de que Singles se trata-se, na verdade, de uma das melhores comédias românticas dos anos 90. Embora a trama tenha injustamente ficado em segundo plano, devido ao sucesso da trilha sonora, vale muito a pena e merece ser visto, mesmo por quem não gosta de nada da cena musical de Seattle. Para a juventude de camisa de flanela, que ainda insiste que grunge é um estilo musical e que o Nirvana salvou o rock, o filme sempre será obrigatório e um verdadeiro deleite. Recomendo!

(Nâo consegui encontrar outro vídeo)